Fé, Prática e Estudo

A prática do Budismo de Nichiren Daishonin, que visa à transformação da própria vida, é embasada no exercício da fé, da prática e do estudo.
“Fé” corresponde a abraçar e a acreditar no Budismo de Nichiren Daishonin, na verdadeira Lei dos Últimos Dias, em especial no supremo objeto de devoção, o Gohonzon. Essa “fé” é o ponto de partida e de chegada do exercício budista.
O segundo item, “prática”, indica a ação concreta visando à transformação da vida, a aplicação dos ensinamentos budistas na vida diária.
Por fim, o “estudo” é a busca pelos ensinamentos budistas de forma a obter uma diretriz para a correta prática da fé, apoiando a “prática” e fortalecendo ainda mais a “fé”.
Se carecer de qualquer um desses três itens, o exercício budista deixará de ser uma prática correta.
Na seguinte frase do escrito O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos, Nichiren Daishonin elucida sobre este princípio: “Creia no Gohonzon, o supremo objeto de devoção de todo o Jambudvipa. Fortaleça ainda mais sua fé e receba a proteção de Shakyamuni, de Muitos Tesouros e dos budas das dez direções. Empenhe-se nos dois caminhos da prática e do estudo. Sem prática e estudo não pode haver budismo. Deve não só perseverar como também ensinar aos outros. Tanto a prática como o estudo surgem da fé. Empregue o máximo de sua capacidade ao ensinar os outros, mesmo que seja uma única sentença ou frase” (CEND, v. I, p. 405-406).


“Fé” significa “acreditar e abraçar”, isto é, acreditar e abraçar os ensinamentos do buda. A fé é o único caminho para ingressar na condição de vida do Buda. O Capítulo 3 do Sutra do Lótus, “Analogia e Parábola”, prega que Shariputra (jap. Sharihotsu), o mais sábio dos discípulos de Shakyamuni, só conseguiu incorporar os princípios contidos no Sutra do Lótus por meio da fé. Trata-se do princípio de “ingressar unicamente por meio da fé” (jap. ishin tokunyu).
Para se evidenciar na própria vida a extraordinária sabedoria e a condição de um buda que descobriu o verdadeiro aspecto da vida e do universo, não há outro meio senão a fé. Ao abraçar os ensinamentos do Buda com fé, pode-se compreender a verdade dos princípios da vida expostos no budismo.
Nichiren Daishonin compreendeu com a própria vida a Lei fundamental do universo, o Nam-myoho-renge-kyo, e a materializou na forma de Gohonzon.
O ponto fundamental da prática do Budismo de Nichiren Daishonin está em acreditar profundamente que este Gohonzon é o único objeto capaz de fazer manifestar a condição de buda em nossa vida.
Quando nos dedicamos intensamente na recitação do daimoku com fé no Gohonzon, podemos manifestar a condição de buda inerente.

Prática


A “prática” corresponde à ação com base na fé no Gohonzon.
O budismo explica que as funções do Buda estão originariamente inerentes, ou seja, são próprias da vida do ser humano. O objetivo da prática budista consiste em fazer essas funções do buda ocultas na vida se evidenciarem e, dessa forma, a felicidade absoluta é conquistada. Porém, para que essa força seja evidenciada em meio à realidade da existência, é necessário um trabalho concreto de transformação. Em outras palavras, para manifestar a condição do estado de buda, são necessárias contínuas ações centradas no bom-senso. Essas ações correspondem à “prática”.
Há dois aspectos na “prática”: a individual, ou para si próprio; e a altruística, voltada para os outros. Assim como as rodas de um carro, a falta de qualquer um desses dois aspectos não conduz a uma prática completa.
A “prática individual” refere-se ao exercício budista visando à conquista dos benefícios da Lei para si mesmo. E a “prática altruística” corresponde à ação de ensinar o budismo às outras pessoas para elas obterem benefícios.
Num de seus escritos, Nichiren Daishonin afirma: “Entretanto, agora entramos nos Últimos Dias da Lei e o daimoku que eu, Nichiren, recito é diferente daquele das eras anteriores. Esse Nam-myoho-renge-kyo inclui tanto a prática individual como a altruística” (WND, v. 2, p. 986).
Assim, a prática correta do Budismo de Nichiren Daishonin consiste nas práticas individual e altruística, ou da recitação do daimoku com fé no Gohonzon e do ato de ensinar sobre seus benefícios às outras pessoas, recomendando-lhes à prática budista.
De forma concreta, a “prática individual” é composta pela recitação do gongyo e do daimoku; e a “prática altruística”, pela propagação dos ensinamentos, isto é, pela concretização do shakubuku. As diversas atividades da SGI em prol do kosen-rufu também são exercícios que correspondem à “prática altruística”.
Gongyo e propagação dos ensinamentos:
práticas para a transformação da vida
Uma das ações para a transformação da vida é a prática do gongyo, que consiste na recitação de trechos dos capítulos “Meios Apropriados” (Hoben) e “A Extensão de Vida” (Juryo) do Sutra do Lótus e do daimoku diante do Gohonzon. Sobre os benefícios da prática do gongyo, Nichikan Shonin afirmou: “Quando abraçamos a fé neste Gohonzon e recitamos o Nam-myoho-renge-kyo, nossa vida se torna imediatamente o objeto de devoção dos três mil mundos num único momento da vida (ichinen sanzen), o próprio Daishonin”. Essa frase indica que a prática do gongyo diante do Gohonzon faz surgir a mesma força e sabedoria de Nichiren Daishonin na vida das pessoas.
Num de seus escritos, Daishonin faz uma analogia da prática do gongyo ao ato de polir o espelho: “Tal situação se assemelha a um espelho embaçado que brilhará como uma joia quando for polido. A mente que se encontra encoberta pela ilusão da escuridão inata da vida é como um espelho embaçado; mas, ao ser polida, tornar-se-á como um espelho límpido, que refletirá a natureza essencial dos fenômenos e da realidade. Manifeste profunda fé polindo seu espelho dia e noite. Como deve poli-lo? Não há outra forma senão recitar o Nam-myoho-renge-kyo” (CEND, v. I, p. 4).
Nessa analogia, o espelho é o mesmo, antes e depois de ser polido, não havendo substituição do objeto. Porém, sua função e utilidade se transformam completamente. Da mesma forma, a prática do gongyo não fará que nos tornemos outra pessoa. Todavia, purificaremos a essência da nossa vida, fazendo-a se transformar radicalmente.
Em relação à “propagação dos ensinamentos”, Nichiren Daishonin cita no escrito O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos: “Deve não só perseverar como também ensinar aos outros. Tanto a prática como o estudo surgem da fé. Empregue o máximo de sua capacidade ao ensinar os outros, mesmo que seja uma única sentença ou frase” (CEND, v. I, p. 405-406). E, na Carta para Jakunichi-bo, Daishonin afirma: “Portanto, os que se tornam discípulos e seguidores leigos de Nichiren devem compreender a profunda relação cármica que compartilham com ele e propagar o Sutra do Lótus exatamente como ele faz” (WND, v. 1, p. 994).
Por essa razão, o importante é apresentar mesmo uma única frase sobre o budismo aos amigos, visando à felicidade individual e à de outras pessoas. Agindo dessa forma, é possível aprofundarmos ainda mais a prática da fé, bem como nos tornarmos verdadeiros discípulos de Nichiren Daishonin, manifestando a elevada condição de vida do Buda e de bodisatva que se empenha pela iluminação de todas as pessoas.
O gongyo e os esforços para propagar os ensinamentos tornam-se a grande força para a transformação da própria vida. A prática altruística é também uma ação que corresponde à missão e ao comportamento do Buda, conforme Nichiren Daishonin afirma na seguinte passagem: “A pessoa que recita mesmo que uma única frase do Sutra do Lótus e a ensina a outra pessoa é a emissária do buda Shakyamuni, o rei dos ensinamentos” (CEND, v. I, p. 348).

Estudo


O “estudo” refere-se ao estudo dos ensinamentos budistas, buscando o correto aprendizado de seus princípios, tendo como base a leitura, de forma respeitosa, do Gosho deixado por Nichiren Daishonin. Com o correto aprendizado dos princípios budistas, é possível aprofundar ainda mais a fé, assim como desenvolver uma verdadeira prática. Sem o estudo do budismo, corre-se o risco de fazer interpretações com base no próprio pensamento ou ser enganados por pessoas que expõem ensinamentos errôneos.
Como todos sabem, a base do estudo do budismo é a fé. Nichiren Daishonin esclarece: “Tanto a prática como o estudo surgem da fé” (CEND, v. I, p. 406). O segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, também costumava dizer: “A fé busca a razão e a razão aprofunda a fé”. Portanto, o objetivo do estudo e da compreensão do budismo é aprofundar a fé.
Nichiren Daishonin conclama a todos que leiam repetidas vezes seus escritos, como se percebe na seguinte frase: “Deixe meu mensageiro ler esta carta uma vez e mais uma vez” (END, v. IV, p. 287). Para seus discípulos que lhe perguntavam sobre os princípios do budismo, ele sempre os elogiava por manifestarem o espírito de procura.
Nikko Shonin também recomenda o estudo do budismo em seus Vinte e Seis Artigos de Advertência, quando afirma: “Gravando o Gosho profundamente em sua vida” (GZ, p. 1618) e “Aqueles de aprendizado insuficiente, que buscam somente a fama e a fortuna, não se enquadram como seguidores desta correnteza” (Ibidem).

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